Click e o Erro que Muitos Donos de Cães Cometem Sem Perceber
E se você tivesse o poder de avançar os momentos mais entediantes da sua vida? Pular as dificuldades, evitar o que incomoda e ir direto ao que interessa. Parece uma solução perfeita, certo? Mas e se, ao fazer isso, você acabasse deixando para trás o que realmente importa?
A verdade é que muitos donos de cães já vivem assim—sem perceber. O dia a dia vira uma sequência automática de tarefas, e, no meio disso tudo, o cachorro vai ficando em segundo plano. Para aliviar a consciência, brinquedos caros, camas luxuosas e passeios sem conexão tomam o lugar do que realmente faz a diferença.
Mas o que será que realmente importa nessa relação? E será que ainda dá tempo de mudar?
No filme Click, Michael recebe um controle remoto mágico que lhe permite avançar os momentos da vida. No início, parece perfeito—ele pode pular discussões, evitar problemas e ir direto ao que interessa. Mas, sem perceber, ele começa a perder o que realmente importa: os momentos com os filhos, o casamento e até os últimos anos de vida do pai. Quando se dá conta, o tempo passou e não há como voltar atrás.
Muitos donos de cães vivem algo parecido. Eles acordam, escovam os dentes, tomam banho, pegam o celular, tomam café, saem para o trabalho… tudo no piloto automático. As pequenas coisas passam despercebidas. O cachorro está ali, mas será que está sendo realmente visto? Alimentá-lo, levá-lo para passear e até mesmo dar um carinho se tornam gestos mecânicos, sem real conexão. A rotina vira um ciclo automático, e a relação entre dono e cão se torna apenas uma sequência de tarefas, em vez de um vínculo verdadeiro.
E, sem perceber, o cachorro vai ficando em segundo plano. Assim como Michael nunca escolheu se afastar da família, mas, ao priorizar o trabalho e os objetivos profissionais, acabou fazendo isso, muitos donos fazem o mesmo com seus cães. Não é por maldade. Não é intencional. Mas acontece. E, para aliviar a consciência, tentam “compensar” com brinquedos caros, camas luxuosas e petiscos importados. Mas isso não substitui presença, estrutura e direcionamento.
Outro reflexo disso acontece nos finais de semana, quando a culpa por deixar o cachorro tanto tempo sozinho faz com que muitos donos simplesmente o soltem em áreas públicas lotadas, acreditando que ali ele vai se divertir e gastar energia. Mas, na prática, o que acontece? Um tumulto generalizado, cães estressados, conflitos entre eles e, muitas vezes, um dono ausente—preso no celular, sem prestar atenção no próprio cão. Isso não é conexão. Isso é apenas mais um atalho para aliviar a consciência.
A verdade é que o cachorro não precisa de dezenas de “amiguinhos” caninos. Sua natureza não é essa. Ele precisa de uma relação forte com seu dono, baseada em confiança e estrutura. Quando essa conexão é bem construída, o cachorro se torna equilibrado, tranquilo e adaptável a diferentes ambientes. E, ironicamente, um cão assim pode ser justamente o que falta para o dono se conectar melhor com o mundo ao seu redor.
Porque um cachorro bem treinado e ajustado pode ir a qualquer lugar. Ele pode acompanhar seu dono em restaurantes, viagens, encontros com amigos. E, às vezes, é exatamente isso que abre novas portas. Quantas pessoas não fazem amizades porque seus cães são sociáveis e bem educados? Quantos relacionamentos já começaram por conta de um simples passeio com o cachorro?
No fim, Click nos ensina uma lição valiosa: nunca é tarde para mudar. Sempre há tempo para corrigir a rota, para construir uma relação verdadeira e para entender que um cachorro não precisa de mais um brinquedo. Ele precisa de você.