Qual a importância da caminhada diária com o cão?

Ao contrário do que muitos imaginam a caminhada com os cães é muito mais do que um simples passeio no bairro para o cachorro gastar energia. Esse mantra tem sido muito utilizado como premissa para justificar o comportamento negativo de muitos cães, por isso hoje, eu vou explicar para vocês como a caminhada estruturada é importante, e porque que o conceito de gastar energia é interpretado da forma errada pela maioria das pessoas.

Os benefícios da caminhada estruturada.

Uma caminhada com seu cão só vai ter um impacto significativo para ele se for feita do jeito certo. Sim, existe o jeito errado de caminhar com seu cachorro e tenho certeza que muitos de vocês já viram essa cena por aí. Esses são os cães que saem puxando os donos pelo bairro, quase arrastando as pessoas no chão, muitas vezes latindo, correndo de um lado para o outro e sem foco nenhum na atividade proposta. Se você acha que seu cachorro está ganhando alguma coisa com isso, é apenas uma ilusão. A única coisa que o cachorro está aprendendo nessa hora é masterizar a arte de caminhar de forma frenética, nada mais!

Todos nós falamos de regras, especialmente no treinamento de cães, então nada mais justo do que determinar aqui as regras que vão fazer com que a sua caminhada com seu cão seja de fato benéfica.

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Uma caminhada é uma atividade entre você e seu cão, esse é primeiro conceito. Durante a caminhada seu cachorro não precisa conhecer pessoas novas, ele não precisa fazer amizade com outros cães nem descobrir o mundo colocando o focinho em tudo que está no chão. Ele precisa estar atento à você e seguir o seu passo. Todo resto deve ser secundário para esse cão.

Quando o cachorro aprende a caminhar dessa forma, aí sim começamos a colher os benefícios dessa atividade tão bacana, mas até lá, é hora de revisar tudo que o seu cachorro faz desde o momento que você coloca coleira e guia, até a hora de chegar da porta de saída da casa.

No vídeo abaixo vocês podem ver um caso de um cão completamente fora de controle, que passou a não caminhar mais por conta desse comportamento explosivo. Veja como a mudança acontece quando as regras são postas no lugar, e existem consequências de valor aplicadas para a quebra das mesmas. Veja como o cão ganha possibilidades e uma nova habilidade de lidar com o mundo à seu redor.

O mito sobre gastar energia.

O mito sobre gastar energia é baseado na idéia de que se o cão estiver fisicamente cansado ele vai estar mais predisposto a não apresentar comportamentos indesejados. Essa teoria é parcialmente correta, porém, o que ninguém vai te explicar é que exaustão física dura pouco, e quanto mais o cão pratica exercícios físicos de alto impacto, mais resistente ele fica, logo, à longo prazo você tem um atleta não mãos que sempre vai exigir mais atividades físicas para chegar nesse momento de sossego, que não é mental, mas apenas físico.

O conceito de gastar energia não está restrito apenas à atividades físicas, muito pelo contrário. O treinamento de forma geral apresenta uma série de desafios que exigem muito mais do lado cognitivo do cachorro do qualquer atividade de alto impacto. Mas se formos falar apenas de caminhada, basta ver exemplos simples como cães que tem um porte mais atlético, e sua disposição. Muitos desses cães são classificados como hiper ativos, porém nem sempre isso é verdade.

A maioria dos cães que estão sempre em alerta na verdade são cães que não tem direção, e isso vale muito para a caminhada. De nada adianta pegar um cão com toda essa disposição e sair correndo. Você só vai estar treinando o cão a continuar da mesma forma. Mas e na hora que você quiser da fato caminhar, num passo leve, apenas no seu bairro? O que você vai fazer? Esse cão nunca foi desafiado no sentido de andar mais devagar, prestar mais atenção no condutor e ignorar as distrações. Esses três elementos por si só são um desafio muito maior para o cão do que uma corrida de 10 km, tenha certeza disso!

Se pensarmos no conceito da real caminhada estruturada, vejam como essa atividade traz enormes desafios:

  • O cão precisa estar numa posição determinada, ao seu lado e um pouco atrás do seu joelho.

  • O cão só para para usar o banheiro ou explorar o ambiente quando você determinar.

  • O cão deve ignorar pessoas e cães estranhos.

  • O cão não deve ter contato algum com qualquer outra pessoa, cachorro, animal ou elemento à seu redor.

  • O cão deve aprender a regular seus passos e seu ritmo de acordo com o humano que conduz a caminhada.

Vejam que, dessa forma, existem uma série de regras a serem seguidas, e para a quebra de qualquer uma delas, existe uma correção. O trabalho mental do cão é infinitamente maior, drenando assim muito mais energia do que uma atividade deliberada de corrida ou bicicleta. Além disso, existe um reforço enorme da relação do cachorro com o humano, uma ligação muito mais forte de confiança e respeito estabelecidas dentro dessas regras.

É curioso notar que esse conceito ainda é visto com olhos de hesitação quando durante anos, nós profissionais ouvimos de muitas famílias a mesmo relato: “o cachorro anda super bem com o adestrador e comigo ele é um desastre!” Isso acontece porque normalmente o profissional não hesita e colocar essas regras na prática e não leva para o lado emocional o fato de ter que corrigir o cachorro quando necessário. Esses cães criam um laço de confiança muito evidente com os profissionais e mostram muito mais disposição em trabalhar com eles do que com membros da família, que acreditam que essa técnica pode prejudicar sua relação com seu cão.

O cachorro mostra o que funciona e responde de acordo, sem mágoas, sem ressentimentos, sem hesitação. Ele aprende a aproveitar o mundo lá fora de uma forma mais serena e passa a curtir de verdade os momentos das caminhadas. Um cachorro assim é um prazer de ter como companhia e a caminhada deixa de ser um problema e passa ser um momento fantástico de relaxamento, todos os dias, para você e o cão.

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Os benefícios do treinamento na fase de filhote do cão.